Memória Literária #1: The Atonement Child (Aborto Interrompido)

Edições de 1997, 1999 e 2012 respectivamente.

Há livros que ficam com a gente por muito, muito tempo. Mesmo que a gente não lembre todos os detalhes, mas definitivamente a história em si permanece... em nossa memória.

Esse é um livro que conheci há muitos anos atrás, tantos anos que nem lembro se foi minha mãe ou eu que o comprou, mas alguém comprou e eu espero que ainda esteja lá em casa. Definitivamente foi um livro que marcou e ficou gravado na minha "memória literária" (será que esse quadro vem para ficar?).

 Naquele tempo pegar um livro cristão falando sobre aborto foi algo completamente diferente. Eu estava curiosa porque, afinal, se o professor de Filosofia colocou adolescentes do 1° ano (do antigo Segundo Grau) para discutir sobre o assunto, por que a igreja, ou pelo menos a literatura cristã não fazia a mesma coisa? Pensando bem, eu não era tão madura naquele tempo, então com certeza achei que ler um livro com a palavra "aborto" no título era meio que um tabu e ao mesmo tempo rebeldia. Eu iria ler sobre algo que você não ouvia ninguém falando na Escola Bíblica.
Mas a história acabou sendo completamente diferente do que eu tinha imaginado (não que eu lembre agora o que imaginei naquela época)

Aborto Interrompido é um romance dramático, permeado de fé e determinação, onde os personagens lutam para compreender a lógica de Deus, enquanto seus princípios morais e religiosos são desafiados. 
"Dynah comeu em silêncio enquanto um coro de vozes dentro de sua cabeça prosseguia discutindo acaloradamente. As vozes a favor do aborto gritavam mais alto, eram mais lógicas e mais comoventes ao seu espírito aniquilado e abatido. No entanto, havia uma outra voz, serena, calma, quase imperceptível, que dizia: NÃO, EXISTE UMA OUTRA MANEIRA." (sinopse disponível no SKOOB)

Ao "conhecer" Dynah, você vai conhecer uma garota doce, obediente, fiel a Deus e ao noivo; 99,9% perfeita, a filha que todo pai gostaria de ter e que os homens escolheriam como esposa. Mas uma noite, ela sofre o pior tipo de trauma que uma mulher pode sofrer, e a partir daí a vida dela vira um pesadelo.
Só agora fiz uma conexão aqui... Será que a autora escolheu esse nome para simbolizar a história bíblica sobre Diná, a filha de Jacó? Pode ser, apesar de que não temos muitas informações sobre o que aconteceu com a Diná da Bíblia depois que ela foi violentada e os irmãos dela saíram matando os caras lá.

Bom, você consegue entender meu ponto, né? A Dynah desse livro enquadra-se em praticamente todos os quesitos que a maioria das leis permite que uma mulher tenha um aborto, mas por uma razão que só dá pra entender lendo o livro, ela não toma essa decisão tão rapidamente quanto todo mundo quer que ela faça. Na verdade, será que não existiria outra solução? É isso que ela vai ter que descobrir em meio à dor e o desespero.
Não tem como não sofrer junto com Dynah, e principalmente ter vontade de esganar aquele noivo ridículo dela e todas as pessoas que a julgam mesmo sabendo a verdade sobre sua situação.

O livro me fez pensar em muitos aspectos da vida, especialmente no que diz respeito à facilidade em darmos respostas prontas para situações pelas quais nunca passamos; o difícil é enfrentar essas situações e tomar as decisões que não vão ferir nossa consciência.

*Vocês tem algum livro ou tema literário que ficou marcado na memória? Qual?

Pelas pesquisas que fiz, a versão brasileira está esgotada (United Press). E só encontrei três versões de outros países:
Capas: brasileira, holandesa¹, alemã² e polonesa³.
Traduções bem próximas do título original: ¹Uma criança de reconciliação / ²Que atribui a culpa / ³Criança expiação.

Wildflowers from Winter, de Katie Ganshert

 Toda essa dor
Me questiono se vou conseguir encontrar meu caminho
Me pergunto se minha vida poderia realmente mudar de verdade
Toda essa terra
Tudo que foi perdido pode de alguma forma ser encontrado?
Pode um jardim surgir desse solo?

"Quanto mais rigoroso for o inverno, mais flores vão surgir na primavera."
De acordo com o livro essa ideia é verdadeira no sentindo de quanto mais neve cai, mais flores nascem. Eu não sabia disso. Assim como eu não sabia exatamente o que eram wildflowers, a não ser o título do último livro da série Glenbrooke da, claro, Robin Jones Gunn. 
E parece que essas flores são as que conhecemos como "flores do campo". Não que eu saiba identificar alguma por aí, mas eu gosto de saber exatamente do que se trata, porque às vezes a gente consegue entender um livro muito melhor prestando atenção a esses detalhes.


Título: Wildflowers from Winter*
Autora: Katie Ganshert
Editora:Waterbrook Press
Ano: 2012
Páginas: 310



A young architect at a prestigious Chicago firm, Bethany Quinn has built a life far removed from her trailer park teen years. Until an interruption from her estranged mother reveals that tragedy has struck in her hometown and a reluctant Bethany is called back to rural Iowa. Determined to pay her respects while avoiding any emotional entanglements, she vows not to stay long. But the unexpected inheritance of farmland and a startling turn of events in Chicago forces Bethany to come up with a new plan.
Handsome farmhand Evan Price has taken care of the Quinn farm for years. So when Bethany is left the land, he must fight her decisions to realize his dreams. But even as he disagrees with Bethany’s vision, Evan feels drawn to her and the pain she keeps so carefully locked away.
For Bethany, making peace with her past and the God of her childhood doesn’t seem like the path to freedom. Is letting go the only way to new life, love and a peace she’s not even sure exists?

 Tu fazes coisas belas
Tu fazes coisas belas do pó
Tu fazes coisas belas
Tu fazes coisas belas de nós
Ao redor
Esperança está surgindo desse solo envelhecido
Do caos, vida está sendo encontrada em Ti
Tu me fazes novo
Tu estás me fazendo novo**

O prólogo já vem com uma "pancada" em primeira pessoa, uma menina de 12 anos tenta se matar.
O primeiro capítulo pula pra quase 20 anos no futuro. E eu soube bem ali que eu: 1) iria gostar da história; 2) iria chorar, ou pelo menos, sofrer junto com os personagens; e 3) iria guardar o livro comigo com muito amor e carinho para reler no futuro.
E a história se encaixa tão bem que a gente até duvida que essa seja a estreia dessa autora (acho que algumas pessoas já nascem escrevendo mesmo). O livro vem com pelo menos mais dois capítulos em primeira pessoa e o restante em terceira, sendo que às vezes temos mais dois pontos de vistas, da Robin (amiga de infância da Bethany) e de Evan (o fazendeiro gato que ganha do Quinn da série O'Malley). Falando nisso, o sobrenome da Bethany é Quinn também, será que eles são parentes? Montana não é tão longe assim de Iowa, ou é? Além do mais, Bethany trabalha e mora em... Chicago!
Voltando pra cá, a maior parte da história se passa em Peaks, uma cidadezinha rural e fictícia do estado de Iowa.
Se vocês estão imaginando fazendas e mais fazendas, vacas, bois, cabras, mulas, etc; é por aí mesmo. Pode torcer o nariz mesmo se não gostam daquele cheiro básico dos cavalos. Olha que até gosto deles, mas o cheiro não é um dos meus favoritos.
Mas sim, temos que falar sobre nossa protagonista Bethany, a garota da cidadezinha que foi embora para a cidade grande e não quis saber mais do passado até que ela é forçada a voltar dez anos depois.
No início não é fácil entender a antipatia que Bethany sente pelo lugar, pela própria mãe e o pastor da igreja da mesma. Mas quando as peças começam a se encaixar, quando a gente começa a conhecer mais detalhes, a gente consegue entender toda a amargura e dor que a protagonista guardou dentro de si por tantos anos.
E é exatamente sobre isso que o livro trata: amor, perdão, dor, mágoas, tristeza. luto, perdas.

É possível recuperar normalidade depois de uma perda dolorosa? É possível quebrar as barreiras impostas por falsos cristãos e encontrar o único e verdadeiro Deus?

Para acessar o site da autora e ler o primeiro capítulo do livro (em inglês), clique AQUI.

**Música: Beautiful Things - Gungor. (Uma historinha: ouvi essa música pela primeira vez na igreja há uns dois domingos atrás. Enquanto escrevia o rascunho desse post eu já tinha escolhido outras três músicas da minha playlist, mas quando abri o site da autora encontrei o vídeo dessa música como inspiração para a mesma. Não pensei duas vezes em mudar. Gosto quando essas coincidências-coisas-de-Deus acontecem).

Não esqueça de deixar sua nota abaixo (seu email é automaticamente cadastrado para sorteio no site da editora):

*Recebi este livro gratuitamente da WaterBrook Multnomah Publishing Group para esta resenha.

Flame of Resistance, de Tracy Groot

Qual chama você mantém acesa em seu coração? Qual chama te impulsiona a querer mudar sua vida, a ser uma pessoa melhor? Você tem uma chama acesa dentro de você ou ela já apagou há muito tempo?

Usei a palavra "chama" apenas fazer uma relação com o título do livro, mas pode ser que tenha outro nome para aquilo que nos faz lutar por algo que acreditamos e que queremos.
No caso do livro, "Chama de Resistência" pode significar tanto essa noção da luta pela liberdade nos momentos mais aterradores da Segunda Guerra Mundial, quanto o próprio nome de um grupo dentro da Resistência Francesa.
Soa familiar? Pois é, em maio escrevi uma resenha do livro Chasing Mona Lisa, que coincidentemente possui a mesma temática de Flame of Resistance
"Aqui na França, estamos sob uma nuvem de escuridão. Qualquer coisa que tenha esperança, qualquer coisa que se mova na direção da liberdade vai atrair escuridão. Em um lugar escuro, uma pequena luz destaca-se ainda mais. Não brilhe." (p. 137)


Título: Flame of Resistance*
Autora: Tracy Groot
Editora: Tyndale
Ano: 2012
Páginas: 400



Years of Nazi occupation have stolen much from Brigitte Durand. Family. Freedom. Hope for a future, especially for a woman with a past like hers. But that changes the day American fighter pilot Tom Jaeger is shot down over occupied France. Picked up by the Resistance, Tom becomes the linchpin in their plan to infiltrate a Germans-only brothel and get critical intel out through Brigitte, a prostitute rumored to be sympathetic to the Allied cause.D-day looms and everyone knows that invasion is imminent. But so is treachery, and the life of one American pilot unexpectedly jeopardizes everything. He becomes more important than the mission to a man who cannot bear to lose another agent and to a woman who is more than just a prostitute, who finally realizes that her actions could change the course of history.


Interessante que não percebi a semelhança com a história bíblica sobre Raabe até quase o final já que quando peguei esse livro foi simplesmente por causa da sinopse. Mas se alguém não lembrar ou tiver interesse em saber quem foi Raabe, está no livro de Josué, capítulo 2. Ambas histórias retratam um período de guerra e de desespero.

A gente não sabe quase nada sobre Raabe, a não ser que ela ajudou os espias de Israel e por causa disso sua vida e de sua família foi protegida no ataque à Jericó. No caso de Brigitte, o leitor sabe os motivos que a levaram à prostituição e com isso conseguimos entender sua vergonha, opressão e dor.
Brigitte pode até ser discriminada pela sociedade, mas nada disso a impede de fazer o pouco que ela pode por aqueles que lutam pela liberdade dos franceses.
Dessa maneira, ela acaba conhecendo Tom, um aviador americano que foi abatido pelas forças alemãs, mas resgatado por franceses da Resistência. Não que os dois tenham muita escolha no que diz respeito aos planos que foram traçados, mas eles decidem fazer aquilo que eles podem através de um plano arriscado que pode ser fatal.
 Toda a tensão do enredo é construído sob a questão das traições muito comuns naquela época. Em quem confiar? Como estabelecer os contatos mais seguros? Como não colocar em risco a vida dos agentes? 
"Você resistiria. Você seria incompatível. Você lutaria para fazer as coisas voltarem a ser como eram, mesmo se essas coisas não fossem perfeitas. Você saberia que elas eram muito melhor que isto. E você viria a amar seu país, mesmo que você não amasse antes ou não soubesse que o amava." (p.117)
Não sei se essa minha sede por leituras ficcionais históricas é passageira, mas sem dúvida, é muito bom ter acesso a livros que nos fazem mergulhar nos meandros daquilo que não aprendemos na escola. E sei que já disse isso antes, mas sempre vale a pena repetir: A história oficial não faz ideia do quanto é mentirosa. Ou talvez faça, mas não possa fazer nada a respeito. 

Tenho que ressaltar que a Tyndale fez um ótimo trabalho. O tamanho da fonte está perfeito, viu Zondervan? E pra quem gosta desses detalhes: a capa tem relação com a história; o papel é reciclado; o livro é leve e fácil de manejar; e a autora respondeu meu recado no facebook!

Nunca tinha ouvido falar de Tracy Groot até pegar esse livro. E me interessei pelos outros livros dela. Para a lista (em inglês), clique AQUI.


*Tyndale House Publishers has provided me with a complimentary copy of this book.

A Lição das Estações*


Era uma manhã bem fria. Eu tinha acabado de ler a Bíblia e enquanto orava, olhava para o céu e para as árvores com seus galhos secos. Era o final do outono e senti que aquelas árvores podiam compreender exatamente o que eu estava sentindo.
Comecei a pensar sobre como o ciclo da vida assemelha-se ao ciclo das estações do ano. Assim como as estações marcam períodos no tempo, nossa vida também é marcada por estações.
Durante o verão, o sol brilha intensamente. Nesse período gostamos de nos divertir, de sorrir, de aproveitar as oportunidades. No verão a vida é uma “festa”, e mesmo com as possíveis dificuldades, nós temos energia para lutar e ultrapassar os obstáculos que porventura surjam à nossa frente. É também o período de conhecer o novo, de deixar nossa zona de conforto e nos arriscar, nem que seja um pouquinho.
Mas chega aquele dia em que as temperaturas começam a cair e o vento começa a ficar mais forte e frio. O outono traz consigo o espetáculo das cores que simboliza transformação. A mudança que as folhas sofrem no outono significa transição, elas estão morrendo lentamente porque o inverno está se aproximando. Dessa forma, após proporcionar uma beleza ímpar através da foliage, as folhas secam e caem, deixando as árvores com aparência de mortas. Nos sentimos assim  quando situações fogem do nosso controle e nossa vida muda drasticamente.
O inverno então traz a “morte”, as tempestades, o sofrimento, as dificuldades, a melancolia, a dor. As folhas se foram e não existe mais brilho e “vida”. O inverno é o período de recolhimento, de olhar para dentro de nós mesmos, e de chorar por causa das perdas que não podemos evitar. E apenas nos resta a esperança de que logo haverá renovação; e que “nossas folhas” voltarão a viver, assim como nossa beleza.
Com a primavera, vem o renascimento dos sonhos e da vida. As flores e folhas brotam, encantando a todos com perfume e alegria. É mais fácil sorrir e acreditar. É mais fácil compreender o que o inverno significou.
Deus age em nossas vidas de maneira única. Ele trabalha em cada um de nós para nos aperfeiçoar para sua glória. O outono e o inverno, apesar de dolorosos, são necessários porque sem eles não haveria renovação, aprendizado e crescimento. Sem o outono e o inverno, não haveria o verão e a primavera.
Tenha esperança quando seu outono chegar e você não for capaz de evitar as mudanças impostas pela vida. Tenha esperança quando o inverno for o mais rigoroso pelo qual você já passou, e parece inacabável. Lembre-se que a primavera, pode até demorar, mas ela sempre chega.
“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30:5b)


*Crônica originalmente publicada na edição n° 246 do Jornal O Mensageiro 7.

The Mirror, de Marlys Millhiser

VIAGEM NO TEMPO

Às vezes eu acordo no meio da noite pensando em mim mesma no exato momento da minha morte, me perguntando se vou ter sentimentos e pensamentos, ou se vou apenas mergulhar no vazio.
Algumas vezes eu acordo sem saber exatamente quem sou, como se naqueles poucos segundos eu não tenha nenhuma memória armazenada. Ainda bem que são apenas poucos segundos.
Outras vezes me questiono se realmente sou quem eu penso que sou, ou se estou vivendo uma vida que não é minha, mas pertence a outra pessoa que não sou eu, uma vida não planejada por mim.
Por favor, vocês não precisam tentar ressuscitar Freud por causa disso. Garanto que não mordo!

Agora imagina como minha mente ficou durante a leitura de um livro que despertou todos esses sentimentos malucos e muito mais. Conseguiu imaginar?
Não que eu tenha vindo do passado (ou do futuro que seja) para habitar nesse corpo chamado Aline, mas que me fez pensar na possibilidade, isso fez.



Título: The Mirror
Autora: Marlys Millhiser
Editora: The Rue Morgue Press
Ano: 2008 (10° edição)
Ano de lançamento: 1978



A young woman in Colorado experiences time-travel and trades lives with her grandmother under the influence of a mysterious antique mirror. Shay Garrett leaves her 20th-century life and boyfriend (by whom she has discovered she is pregnant) and assumes the existence of her grandmother Brandy, in the frontier days of the late 1800s. At the same time, Brandy looks into the mirror just before she is to be married to a man she does not love, and wakes up to find herself in the body of a young woman surrounded by loud music, fast cars and unfamiliar codes of conduct.


Nem mesmo A Mulher do Viajante no Tempo foi tão complexo quanto esse livro. Complexo e triste. Porque, honestamente, a viagem no tempo involuntária de Shay e Brandy trouxe consequências não apenas para elas duas, mas para todos relacionados a elas em seus determinados tempos históricos. Elas querem voltar para seus corpos verdadeiros, mas infelizmente o "poder" está no espelho e não nelas.
Eu entitularia esse livro facilmente de "A maldição do espelho", em um estilo bem Stephen King.
A autora escreve uma fantasia tão real que chega a assombrar. Eu, a menina que sempre gostou de ler terror, fiquei horas e horas pensando no assunto e com medo.

Marlys amarra a história de forma quase perfeita, sem deixar de lado os detalhes históricos gerais e específicos. Nunca estive em Boulder no estado do Chapolin Colorado, mas o livro me levou pelas ruas e também pelos povoados vizinhos apenas com as imagens criadas pelas palavras que dão vida ao livro, tanto em 1900 quanto em 1978.
Além de todo o drama causado pela viagem no tempo das protagonistas, os momentos engraçados trazem leveza e realismo para a obra. Sabe a libertinagem sexual e as discotecas da década de 70? Shay acorda em 1900 com essa mentalidade (coitada!), e sabendo exatamente (ou quase, já que ela não prestava atenção nas aulas de História) o que vai acontecer no futuro. Já Brandy acorda em 1978 com a mentalidade e o comportamento do início do século XX.
Com toda essa confusão se não tivesse momentos hilários, não seria um livro bom.

Infelizmente não encontrei o livro em português, o que provavelmente significa que nunca foi traduzido. Uma pena, já que ele pode agradar aos fãs de fantasia, ficção científica e romances históricos. E se você não gosta de nenhum desses gêneros, ainda assim pode apreciar um livro bem escrito. Foi uma ótima surpresa ler The Mirror. Para a fila de compras agora.

Mas me digam uma coisa: O que vocês fariam se um dia acordassem no corpo de sua avó ou avô, 78 anos atrás???


Até a próxima leitura!

The Ninth Step, de Barbara Taylor Sissel

O que te prende a um livro? O que te faz virar as páginas dele até o final?
Essas são perguntas que nos fazem quando queremos [aprender a] ser escritores.
Isso é importante porque antes de escritores somos leitores. Um escritor que não lê é como um médico que só teve aulas teóricas. E todo mundo sabe o que acontece nas duas profissões quando nos deparamos com "profissionais" desqualificados. Isso vale pra qualquer profissão!

Tudo isso pra dizer que um ebook despretensioso, com um enredo simples fez seu caminho até mim. Tudo muito simples. Uma história como tantas outras que leio. Porém só fui dormir tarde porque eu queria e precisava terminar o livro imediatamente.
Não era dos meus gêneros favoritos (policial e suspense). Nem era juvenil e muito menos chic-lit (humm, talvez). Mesmo assim me prendeu até o último momento. Não teve nada mirabolante (talvez #2), nem uma protagonista perturbada das ideias. E só não entrou para minha lista de favoritos porque achei o final abrupto e sem uma resposta concreta (entendi o que autora quis fazer, mas mesmo assim fiquei frustrada). Mesmo com esse defeito, o livro foi tão bem construído que eu lembro que assim que terminei, meu primeiro pensamento foi: "Quero aprender escrever histórias desse jeito. Coisas comuns, mas que fazem o leitor continuar virando as páginas mesmo morrendo de sono."

Laço branco
Vestido de noiva
Ela entrou no jardim
O que ela encontrou?
Oh. tristeza
Tristeza imensa
Não teria noivo

Uma mulher, Livie Saunders, foi abandonada no altar seis anos antes e o noivo fujão, Cotton O'Dell, simplesmente desapareceu, evaporou sem rastros. PUFT! E apesar de ter prometido a si mesma seguir em frente, às vezes Livie sofre lapsos dos quais ela tenta não lembrar durante o dia.
Mas o livro começa mesmo seis anos depois de Cotton ter desaparecido e de Livie ter reconstruído sua vida. Porém, ele está de volta na cidade, querendo consertar o que for possível.
Cotton quer "fazer reparações", o que nos leva ao título do livro, "O Nono Passo" referindo-se aos passos dos A.A.: 9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.

Oh, sua alma
Nunca deixou o jardim.
Laço negro
Vestido preto longo
Ela está caminhando
Em suas lembranças
Ela está tão sozinha.

Fiquei o tempo inteiro tentando descobrir o segredo de Cotton. Que segredo tão grande era esse que o fez sumir exatamente no dia de seu casamento? E por que voltar tantos anos depois querendo consertar as coisas? Quando finalmente descobri, fiquei me perguntando como ele conseguiria reparar um erro irreparável.
Mas a gente às vezes faz isso também, né? Comete um erro no "calor do momento" e foge, achando que assim as coisas podem se consertar sozinhas. Quantos corações destruímos quando não nos responsabilizamos por nossos atos.


Título: The Ninth Step*
Autora: Barbara Taylor Sissel
Ebook by Amazon
Ano: 2011
Páginas: 236

THE NINTH STEP é uma história de redenção, de ser levado aos seus joelhos na sóbria luz do dia e encarar um erro monstruoso e ainda assim, de alguma forma, encontrar forças para se levantar, para tentar e corrigir. Mesmo que essa decisão despedace seu coração, coloque em perigo sua liberdade e por fim ameace sua vida 




Música: The Garden - Sixpence None the Richer


*Recebi esse ebook gratuitamente através do programa NetGalley.

Once Upon a Time (Primeira Temporada)

Era uma vez...
Uma nova série de TV cuja propaganda eu vi espalhada pela cidade, mas não me importei. 
Primeiro porque não tenho televisão, quer dizer, tem uma aqui no apartamento, mas como todo mundo trabalha o dia todo, todo dia, ninguém quer gastar dinheiro pagando TV a cabo, para não ter tempo de assistir.
Segundo, com tantos cartazes de séries e filmes, fica até difícil escolher algo só olhando. Apesar de que eu reconheci aquela atriz com cara de fofa de He's just not that into you e Something borrowed, mas pensei que seria mais uma das muitas versões da história da Branca de Neve (quantos filmes só esse ano?).

O tempo passou...
Não li nenhuma crítica nos jornais, mas comecei a ver alguma pessoas falando sobre a série, pessoas que compartilham o mesmo gosto literário que eu. Mesmo assim, essa pessoa aqui não tinha tempo de se viciar em outra série. Foram-se os tempos de Gilmore Girls, Everwood, CSI e Lost.
Até que lendo um post sobre construção de personagens e que citava essa série, eu não resisti e comecei a procurar o que tinha de tão bom nesse negócio que esse povo ficava falando. Hein? Hein?

Até que...
Somente o episódio piloto já me deixou com os olhos, mesmo sonolentos, grudados na tela do computador e uma vontade louca de ver o segundo, o terceiro, o quarto... Mas já era quase uma da manhã. Tudo bem, naquele momento eu sabia que queria ver o desenrolar (ou enrolar) dessa história.
Depois, descobri que eram os mesmos roteiristas de Lost (o fato de não ter gostado do final, não tirou a série da minha lista de favoritas de todos os tempos).
SPOILER: Por isso a maldição da Regina vem numa fumaça preta na Terra Encantada? E no fim da temporada, Storybrooke é invadida por uma (de novo) fumaça roxa? /FIM DO SPOILER.
O certo é que essa série, ou nesse caso, a primeira temporada pode ser classificada como "não pode ser resenhada" na minha humilde opinião de pessoa-que-não-tem-tempo-para-ver-televisão.
Acreditem! Para que eu gaste uma hora do meu precioso tempo na frente da TV, tem que ser algo MUITO, MUITO bom mesmo.

Puxem suas cadeiras ou seus banquinhos e preparem-se para uma aventura de contos de fada como vocês nunca viram, cheia de teorias das trevas conspiratórias.
Senhoras e senhores, com vocês...