Memória Literária #1: The Atonement Child (Aborto Interrompido)

Edições de 1997, 1999 e 2012 respectivamente.

Há livros que ficam com a gente por muito, muito tempo. Mesmo que a gente não lembre todos os detalhes, mas definitivamente a história em si permanece... em nossa memória.

Esse é um livro que conheci há muitos anos atrás, tantos anos que nem lembro se foi minha mãe ou eu que o comprou, mas alguém comprou e eu espero que ainda esteja lá em casa. Definitivamente foi um livro que marcou e ficou gravado na minha "memória literária" (será que esse quadro vem para ficar?).

 Naquele tempo pegar um livro cristão falando sobre aborto foi algo completamente diferente. Eu estava curiosa porque, afinal, se o professor de Filosofia colocou adolescentes do 1° ano (do antigo Segundo Grau) para discutir sobre o assunto, por que a igreja, ou pelo menos a literatura cristã não fazia a mesma coisa? Pensando bem, eu não era tão madura naquele tempo, então com certeza achei que ler um livro com a palavra "aborto" no título era meio que um tabu e ao mesmo tempo rebeldia. Eu iria ler sobre algo que você não ouvia ninguém falando na Escola Bíblica.
Mas a história acabou sendo completamente diferente do que eu tinha imaginado (não que eu lembre agora o que imaginei naquela época)

Aborto Interrompido é um romance dramático, permeado de fé e determinação, onde os personagens lutam para compreender a lógica de Deus, enquanto seus princípios morais e religiosos são desafiados. 
"Dynah comeu em silêncio enquanto um coro de vozes dentro de sua cabeça prosseguia discutindo acaloradamente. As vozes a favor do aborto gritavam mais alto, eram mais lógicas e mais comoventes ao seu espírito aniquilado e abatido. No entanto, havia uma outra voz, serena, calma, quase imperceptível, que dizia: NÃO, EXISTE UMA OUTRA MANEIRA." (sinopse disponível no SKOOB)

Ao "conhecer" Dynah, você vai conhecer uma garota doce, obediente, fiel a Deus e ao noivo; 99,9% perfeita, a filha que todo pai gostaria de ter e que os homens escolheriam como esposa. Mas uma noite, ela sofre o pior tipo de trauma que uma mulher pode sofrer, e a partir daí a vida dela vira um pesadelo.
Só agora fiz uma conexão aqui... Será que a autora escolheu esse nome para simbolizar a história bíblica sobre Diná, a filha de Jacó? Pode ser, apesar de que não temos muitas informações sobre o que aconteceu com a Diná da Bíblia depois que ela foi violentada e os irmãos dela saíram matando os caras lá.

Bom, você consegue entender meu ponto, né? A Dynah desse livro enquadra-se em praticamente todos os quesitos que a maioria das leis permite que uma mulher tenha um aborto, mas por uma razão que só dá pra entender lendo o livro, ela não toma essa decisão tão rapidamente quanto todo mundo quer que ela faça. Na verdade, será que não existiria outra solução? É isso que ela vai ter que descobrir em meio à dor e o desespero.
Não tem como não sofrer junto com Dynah, e principalmente ter vontade de esganar aquele noivo ridículo dela e todas as pessoas que a julgam mesmo sabendo a verdade sobre sua situação.

O livro me fez pensar em muitos aspectos da vida, especialmente no que diz respeito à facilidade em darmos respostas prontas para situações pelas quais nunca passamos; o difícil é enfrentar essas situações e tomar as decisões que não vão ferir nossa consciência.

*Vocês tem algum livro ou tema literário que ficou marcado na memória? Qual?

Pelas pesquisas que fiz, a versão brasileira está esgotada (United Press). E só encontrei três versões de outros países:
Capas: brasileira, holandesa¹, alemã² e polonesa³.
Traduções bem próximas do título original: ¹Uma criança de reconciliação / ²Que atribui a culpa / ³Criança expiação.